Reporte de Sessão #01 - O Buraco no Carvalho (The Hole in the Oak)

Saudações, navegantes! 

Este é o primeiro post deste blog e também o relato da primeira sessão da minha campanha presencial de Old-School Essentials. Comecei mestrando a famosa The Hole in the Oak, publicada no Brasil pela RPG Planet Press como O Buraco no Carvalho, trabalho que tive o prazer de ser revisor.

Espero que esses relatos sejam divertidos de ler e que ajudem mestres que querem usar esse excelente módulo para dar início a suas campanhas, incluí-lo em seu cenário caseiro ou mesmo jogar uma aventura one shot.

Gostaria de reforçar que HAVERÁ SPOILERS! Jogadores da aventura parem de ler para evitar receber a maldição do mestre.

Meu grupo de jogadores ainda está se formando e vários deles são novatos no estilo old-school. Está sendo uma experiência e tanto! Inicialmente eu reservei um papel quadriculado para que eles desenhassem o mapa, e deu certo nesta sessão. Na segunda nem tanto (posto o relato em breve).




O Buraco no Carvalho


Reporte de sessão #01


Após viajar por alguns dias através da Floresta Mágica, os aventureiros finalmente chegaram ao seu destino: o buraco no carvalho. A clareira onde ficava o carvalho era ampla e vazia, carregava uma atmosfera onírica e até mesmo o tempo parecia passar mais lentamente. Em seu centro jazia imponente o enorme carvalho, antigo e retorcido. Entre suas raízes, olhando pelo buraco de quase um metro de diâmetro, um fosso conduzia até um terreno arenoso seis metros abaixo. Após alguns minutos de discussão e uma tentativa arriscada de descer o fosso segurando as raízes com as mãos nuas, um dos aventureiros com um pouco mais de senso de autopreservação fixou suas cordas em pinos pregados às raízes para garantir uma descida segura.


Dica de mestre: o Gavin Norman (autor do módulo de aventura) deixa uma regra sobre a descida sem ajuda. Personagens sem habilidade de escalada têm chances variadas de cair (usar ou não usar armadura pesada influencia nesta chance); personagens com habilidade de escalada não correm risco de cair. Com essa regra, ele está dando foco ao ladrão/especialista.

Eu acrescentei a possibilidade de não pedir rolagem a nenhum jogador se eles definissem uma maneira segura de descer (no caso, os pinos e cordas), então só pedi um teste ao primeiro jogador que tentou descer sem ajuda. O segundo que instalou as cordas já garantiu uma passagem segura para todos os outros. Isso estimula nos jogadores a criatividade na hora de solucionar desafios. Acho esse desafio no início da dungeon um dos melhores para iniciantes no hobby, por se tratar de um problema mundano e fácil de entender, mesmo sem referências de fantasia medieval.


Ao acender uma de suas lanternas, os aventureiros observaram rastros de cascos e de botas no terreno arenoso. Nas paredes de terra cheias de raízes, uma delas carregava a seguinte inscrição entalhada na raiz: “Reino de Nolly”. Seguindo em direção de um entroncamento através do túnel com teto baixo, eles encontraram uma velha luva de couro (mão esquerda), e após um momento de indecisão seguiram rumo ao norte, onde um som distante de vento ou água parecia convidá-los.


As pegadas óbvias do terreno desapareceram e as paredes de terra deram lugar a paredes arenosas, mas as raízes persistiam nelas. À medida que desciam pelo túnel, uma forma fantasmagórica os surpreendeu. Um feiticeiro com manto roxo e bigode branco surgiu no final do corredor e começou a gesticular acolhedoramente, proferindo, de maneira entrecortada, a seguinte frase: “Bem-vindos ao reino de… o Imperecível. Por gentileza, aguardem… no que foi fornecido… Para sua própria segurança, não…”. Então a ilusão desapareceu, deixando os aventureiros cheios de dúvidas.




O círculo de teleporte


Após o repentino desaparecimento da ilusão do feiticeiro, à frente dos aventureiros o túnel dava lugar a um aposento circular, com quase oito metros de diâmetro. Seu chão era formado por várias pedras polidas arredondadas; o teto, arqueado e feito de tijolos, possuía três metros de altura. Das paredes e teto as raízes atravessavam várias rachaduras, dando um ar de desmoronamento ao ambiente. No centro do aposento, no chão, jazia um tapete estampado de quatro metros de diâmetro. Sua cor, de um carmesim profundo, lembrava sangue, e embora estivesse esfarrapada, sua lã era de boa qualidade. Sua estampa trazia padrões geométricos em dourado e verde.


Com cuidado para não pisar no tapete, os aventureiros decidiram investigar o que havia por baixo dele. Encontraram um círculo de runas entalhadas no chão, que o mago reconheceu como sendo de um círculo de teleporte, porém não sabia aonde ele levaria.


Os aventureiros decidiram não testar o círculo e se dirigiram à porta oeste do aposento. A porta de madeira entalhada com temas arbóreos protegia um minúsculo aposento com uma pequena mesa sobre a qual descansavam vários jarros de vidro e uma garrafa arrolhada. Neste momento o estranho atingiu os aventureiros com ainda mais força, afinal, dentro dos jarros haviam minúsculas pessoas mortas!


O caçador


Saindo da sala das pessoas minúsculas, com ainda mais perguntas, os aventureiros se dirigiram para o leste, evitando pisar no círculo de teleporte. Logo à sua frente, o chão de blocos de pedra os levou até uma antessala com a estátua de um caçador e seus dois cães. Com uma espada no cinto e um arco na mão, a estátua jazia no meio da antessala, entre dois espelhos (norte e sul).


Quando um dos aventureiros decidiu olhar para o espelho, em vez de seu próprio rosto, ele viu a face do caçador com um olhar ensandecido. Os sons de latido e uma corneta ecoaram de algum lugar distante, para o desespero dos aventureiros. Após um momento de terror e confusão, o espectro do caçador e seus cães surgiram vindo das sombras ao final do corredor, onde a luz do lampião já não alcançava. Neste momento, sem pensar duas vezes, os aventureiros viraram as costas e correram em direção ao círculo de teleporte. Um a um eles foram pisando no círculo e desaparecendo, deixando seu perseguidor fantasma para trás.




Comentários

Esta primeira sessão foi bem rapidinha. Primeiro montamos as fichas dos jogadores, mas foi muito legal a interação deles com o ambiente. A cena final foi bem épica, e quando percebi que eles fugiriam através do círculo de teleporte (uma decisão muito inteligente) eu logo soube que era aí que eu deveria encerrar a sessão, deixando um gostinho de quero mais.

Salas exploradas: 1, 2, 10, 11, 12, 13.

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